domingo, 5 de agosto de 2012

ho-ba-la-la, em busca de joão gilberto - companhia das letras (2011)

'Pra quê discutir com madame?'

Marc Fischer é jornalista alemão "infectado" pelo vírus da bossa nova depois que um amigo toca pra ele a quarta faixa do disco "chega de saudade" de João Gilberto, "ho-ba-la-la".

Fascinado com aquela música, ele tem um objetivo: se encontrar com o artista responsável por aquele som único. Ele vem ao Rio de Janeiro a procura de seu ídolo. O único problema é que este é um recluso dos mais extremos: João Gilberto quase nunca sai de casa, não dá entrevistas, não toca para ninguém a não ser para si mesmo - dez, doze horas por dia.

O que Fischer consegue é falar com aqueles que circularam ao redor de Gilberto: Miúcha - sua ex esposa - João Donato, Roberto Menescal e outros nomes importantes da mitológica história da música brasileira. Dessa forma ele se aproxima de João.

E agora? Nosso alemão vai conseguir realizar seu sonho? Fazer com que João Gilberto toque para ele - no próprio violão que o Marc Fischer traz ao Rio - a música "ho-ba-la-la"? Acompanhamos Fischer em suas aventuras pelo Rio, sua viagem à Diamantina onde Gilberto ficou na casa de uma irmã. Trancado dentro do banheiro com seu violão por dias, ele só sairia de lá com a "fórmula": seu estilo único que seduz gringos desavisados mundo a fora. ANTOLÓGICO.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

persépolis (marjane satrapi); lendo lolita em teerã (azar nafisi)



Dois livros interessantes para se ter uma visão de perto sobre a Revolução Islâmica que depôs o Xá e colocou o Imã Khomeini no poder no Irã em 1979: Lendo Lolita em Teerã de Azar Nafisi (A Girafa) e Persepolis de Marjane Satrapi (Cia. Das Letras) este último uma história em quadrinhos! O relato de Nafisi mostra um grupo de alunas que se reuniram a convite da professora - Nafisi ensinava literatura inglesa na Universidade de Teerã - para discutir livros ocidentais banidos pelo guardiões da moralidade que tomaram conta da vida privada dos iranianos. Enquanto tece os relatos sobre as reuniões em sua casa, Nafisi apresenta o Irã, antes um país com costumes liberais, tomado por uma revolução que baniu a individualidade impedindo mulheres de decidirem sobre suas vidas afetivas e que por obrigação da lei deveriam usar o véu.

O relato de Satrapi também cobre estes eventos, mas de uma maneira um pouco mais bem humorada expondo o absurdo da situação onde as pessoas eram revistadas em busca de qualquer indício contra a moral ou contato com o decadente mundo ocidental (maquiagem, baralho). As duas dão um relato pessoal e sem detalhes históricos, o que não leva a uma análise técnica do período, mas apresenta o absurdo do totalitarismo seja ele de que viés ideológico ou religioso. A anulação da individualidade como meio de controle e a imposição de valores. Antológico!

Três livros e muita história: Llosa, John Boyne e Chimamanda Adichie

Dois assuntos favoritíssimos da vida: literatura e história. O primeiro eu estudei formalmente na facul, apesar de ter lacunas muitos sér...