sexta-feira, 16 de maio de 2014

Três livros e muita história: Llosa, John Boyne e Chimamanda Adichie

Dois assuntos favoritíssimos da vida: literatura e história. O primeiro eu estudei formalmente na facul, apesar de ter lacunas muitos sérias em termos de teoria literária, um tema que eu sempre achei árido e difícil – tão diferentes dos livros, sempre fascinantes. História é um hobby, um tema que sempre me apeteceu, me parece a disciplina que tem o poder de nos deixar mais instruídos, esclarecidos. Enquanto a literatura nos dá o tipo de conhecimento mais precioso: a sabedoria. Que combinação hein?!
Quando as duas coisas se juntam em um livro eu sempre fico na expectativa, sempre espero um livro incrível. Meu exemplo e standard da ficção histórica é o livro “Ragtime” de E. Doctorow sobre este pianista negro que tem seu carro depredado e vai até as últimas consequências para tê-lo de volta, do jeitnho que estava. As figuras históricas abundam no livro: J.P Morgan, Henry Ford, Emma Goldman Holdini! Antológico!
Três livros que podem ser considerados do gênero foram lidos por este blog recentemente, vamos a eles em um comentário breve sobre cada um:

O palácio de Inverno - John Boyne – Companhia das Letras
Na já odiada e decadente corte do Romanov, um jovem camponês é recebido no suntuoso Palácio de Inverno para estar próximo da família real depois de ter salvado um dos seus membros de um atentado. O livro toma liberdades históricas um pouco previsíveis. Nosso herói se apaixona por ninguém menos que Anastacia, filha do Czar Nicolau. O livro é bem escrito mas muitas vezes tive a impressão de ser um pouco raso. O autor certamente deve ter feito uma pesquisa detalhada, poderia ter nos dado detalhes mais saborosos sobre os anos finais dos Romanov no poder.

Meio Sol Amarelo – Chimamanda Adiche – Companhia das Letras
A história do professor Odenigbo, defensor de uma Nigéria que ressurja independente e forte após os anos da colonização da África é o personagem principal aqui. O relacionamento dele com a filha de uma rica família nos dá um insight ineressante sobre a classe média nigeriana. Olana foi educada na Inglaterra e apesar de morar como o “amante revolucionário” e estar mais próxima do povo pobre de seu país, não consegue evitar ficar nauseada com os ovos de barata que vê na mesa da cozinha de seus entes que moram nas vilas mais distantes - fato que demostra a perspicácia psicológica da autora na caracterizaçãoo de seus personagens. Enquanto o professor vive uma vida comfortável recebendo amigos esperançosos por uma nova África, o país será assolado por uma guerra étinica e poítica na tentativa da criação da República de Biafra. Vamos acompanhar Odenigbo, Olana e seu criado passar pela experiência da guerra, a fome, o terror. Um final belo e triste nos aguarda!

O Sonho do Celta – Mario Vargas Llosa – Alfaguara
Roger Casement foi um embaixador Irlandês que na esperança de “civilizar” a África se mudou para o continente e passa por uma terrível experiência ao presenciar os horrores da colonização belga no Congo. Dos três livros este é o mais denso e o que se aprofunda mais da questão histórica. Llosa é um ótimo escritor realista, consegue compor um romance à maneira dos bons contadores de história. Casement é um personagem fascinante que se tornará famoso por denunciar as atrocidades contra os nativos do congo e depois no Peru, na região da extração da borracha. Em um final trágico, todo esse esforço humanitário e sua reputação irão ser destruídas pelo envolvimento do embaixador com a guerrilha nacionalista Irlandesa. O livro trás detalhes macabros das torturas, há de se estar preparado! Mas acredito que precisamos desse choque às vezes para nos lembrar que a escravidão – de negros, índios – foi o maior genocídio da história da humanidade.

Três livros e muita história: Llosa, John Boyne e Chimamanda Adichie

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