sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Millennium - 1) - Companhia das Letras - 2008

Deve-se desconfiar de best-sellers. Quem leva literatura minimamente a sério também desconfia. Por alguma razão o livro que vende milhões tem que ter suas concessões, tem que ser "fácil". Quando a trilogia Millenium começou a ficar conhecida no Brasil, chamar a atenção de leitores e começou a vender, minha desconfiança teria sido a mesma não fosse o fato de o livro ter sido lançado por uma editora que, aparentemente, não faz concessões.  Acabei por adquirir o livro junto com uma outra compra na internet e o coloquei na cesta para não pagar o frete - uma humilhação para um livro.

Depois de mais de um ano na minha estante, resolvi finalmente ler o primeiro volume da série (que é composta por 3 livros). E eis que este livro, que não é lá assim tão best-seller, ensinou uma lição da qual eu havia me esquecido há tempos: como é fantástico o fascínio da leitura. Quero dizer da leitura sem compromissos, sem a necessidade de anotar nada, de simplesmente sentar na poltrona e ser levado pela história. É o que acontece com "Os homens que não Amavam as Mulheres".

Stieg Larsson - o autor, morreu assim que entregou os livros a editora, em um lance de pura fatalidade -  nos deixou a história de Lisbeth Salander, uma hacker anoréxica com típico visual cyber-punk que ajuda o jornalista Mikael Blomkvist a desvendar o sumiço da sobrinha de um grande industrial - cujo desaparecimento misterioso ocorreu há décadas. O personagem de Lisbeth, por mais estranho que seja, é assustadoramente cativante. É seguindo as pistas desta história que o livro nos leva fácil fácil. Como escreve Contardo Caligaris na contracapa do livro: "O problema com Larsson é que, se a gente se aventura e entra na história, está perdido: não tem mais como largar o livro".


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

feltrinelli: editor, aristocrata e subversivo - editora conrad - 2006

Giangiacomo Feltrinelli foi uma das figuras culturais mais importantes do século XX, filho de uma das famílias mais ricas da Itália. Os Feltrinelli, donos de um império que contava com empresas do ramo de madeiras, energia, etc viram o filho Gian se tornar na juventude, membro do partido comunista italiano. Até aqui, a biografia já conteria uma história interessante, mas Giangiacomo criou mais polêmica no ramo editorial. A editora Feltrinelli - fundada por Gian e ainda existente na Itália - foi responsável pela publicação de "Doutor Jivago", livro escrito por Boris Pasternak, proibido de ser lançado da União Soviética por não se enquadrar moldes temáticos do comunismo reinante. O caso repercutiu e rendeu à Feltrinelli essa aura mítica: o editor que começou a lançar livros proibidos em seus países de origem, principalmente  por serem censurados politicamente.

Esta biografia de Feltrinelli, escrita pelo filho do editor, detalha toda a história de publicação do romance, ou seja, "o romance do romance" e a crônica de outras publicações como os livros do escritor americano Henry Miller. Uma história interessantíssima, mesmo que contada às vezes sem muito didatismo pelo autor, que poderia situar melhor o leitor no contexto histórico da época. É preciso portanto já ir para a leitura com certo conhecimento prévio. Mas quem conhece a figura Feltrinelli provavelmente já deve estar ciente de sua importância e não se arrependerá de conhecer os detalhes de sua fascinante história. Antológico!

Três livros e muita história: Llosa, John Boyne e Chimamanda Adichie

Dois assuntos favoritíssimos da vida: literatura e história. O primeiro eu estudei formalmente na facul, apesar de ter lacunas muitos sér...