terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Leituras: Arte, Inimiga do Povo - Conrad
Este blog recomenda Arte, Inimiga do Povo ,(Conrad, 207p)indispensável para quem acompanha cultura e quer refletir sobre arte. A frase lapidar do autor Roger L. Taylor, professor universitário britânico é: "a arte não passa de uma grande farsa, um jogo de cena das classes dominates para vender seu estilo de vida como algo superior e elevado". Há nessa assertiva, um certo ranço marxista que, em se tratando de arte, as vezes não deve ser levado muito a sério. Agora, a idéia realmente interessante de Taylor é a da adoção e apologia de manifestações culturais originalmente populares por cultos críticos brancos de classe alta. O jazz, por exemplo, ignorado como arte de pobres e negros, posteriormente foi aceito como expressão artísitca elevada. Taylor traça todo este processo em um dos melhores capítulos do livro chamado "Um alerta sobre a influência corruptora da arte na cultura popular".
Altamente recomendado!
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Leituras: Sexo, Arte e Cultura Americana - Camille Paglia - Companhia das Letras
O livro “Sexo, Arte e Cultura Americana” é um achado, esgotado há anos, é um caso de desaparecimento - pois não há referência a obra nem mesmo no site da editora que o lançou no Brasil. Um desastre editorial, pois é justamente o livro pelo qual podemos conhecer o pensamento de Camille Paglia, intelectual feminista (ou anti-feminista, dependendo do ângulo) americana que se tornou uma estrela acadêmica no princípio da década de 90 e possui as idéias mais tresloucadas e brilhantes de toda esta década.
Paglia teve sua formação em universidades públicas e finalmente na elitizada Yale em Nova York. Seu mentor intelectual foi ninguém menos que Harold Bloom, crítico literário mais badalado atualmente e bíblia a qual todo jornalista recorre quando vai escrever sobre os clássicos. A ascensão de Paglia se deu em 1990, quando lançou seu livro Personas Sexuais, em que trata de séculos de historia do sexo e as artes no ocidente. O lançamento sem alarde e sem resenhas bombásticas, em poucos meses deslanchou a carreira de Paglia, que, de uma desconhecida do grande público, se tornou figura requisitada por toda em toda a mídia. Os detalhes desta trilha do sucesso são contados em um capítulo do livro. A consagração foi uma conferência do MIT com centenas de pessoas disputando lugar por corredores e salas.
Em Sexo, arte...estão compilados ensaios, artigos, resenhas de livros e trechos de entrevistas concedidas a diversos veículos de comunicação. Uma amostragem que expõe a grande qualidade de Paglia: seu vigor intelectual e, principalmente, verbal. Mesmo não concordando com a agenda da escritora (“sou abertamente a favor da prostituição, da pornografia”), não há como não se render ao seu estilo cáustico, estridente e de uma arrogância sem solenidade. Paglia é portadora de erudição clássica e mesmo assim, escreve à maneira rude e crua dos americanos. Seu pensamento é povoado de referências históricas à cultura helênica, o que dá muito de consistência nas assertivas feitas por ela. Polêmica, despudorada, com idéias exageradamente liberais, Camille Paglia é a doida varrida mais brilhante da América.
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